quarta-feira, 5 de junho de 2013

Contracultura e Protocultura

Hélio Oiticica 



‘’O começo de uma mudança de paradigma é entendido pela velha cultura como uma contracultura – contra a ordem estabelecida. Quando passamos para o novo modo, nós o vemos como a primeira forma de uma nova manifestação da vida. Neste sentido, O QUE SE TEM DESCRITO COMO CONTRACULTURA NO FINAL DE UMA ÉPOCA CULTURAL PODE VIR A SER VISTO COMO AS PRIMEIRAS MANIFESTAÇÕES DOS NOVOS VALORES DE UMA NOVA CULTURA. Em outras palavras, uma protocultura de uma nova época.’’ James George 

O que as pessoas nos anos sessenta achavam coisa de extraterrestres, a ideologia hippie de harmonia com a natureza – liberdade – paz – e – amor, hoje em dia já faz muito mais sentido. Ela é precursora de uma cultura na qual os humanos sustentam a Terra, e a Terra sustenta os humanos, em harmonia e equilíbrio. Será uma espécie de processo coevolucionário, no qual a consciência humana se transformará o suficiente para guiar nossas tecnologias para ajudar a regenerar e preservar a natureza, ao invés de destruí-la por lucro.


Os hippies e todos os contestadores ao establishment dos anos 60/70 sintetizaram, a partir da negação ao modo de vida mecânico, um novo ponto de vista ocidental em relação ao ‘’estar no mundo’’. E por sua vez, essa rebelião criativa foi herdada de uma linhagem mais antiga que chega aos nossos ancestrais americanos e à religião e cultura oriental, entre outras referencias. Precisamos ter espaço tanto para a tradição quanto para a mudança. De fato, a tradição, entendida corretamente, nos ajudaria a fazer mudanças mais radicais e eficientes, começando com a mudança interior – e em seguida a exterior. Sendo nós mesmos o ponto inicial de transformação concreta em relação a mudança em direção ao equilíbrio social e a harmonia com a natureza. 


Referências:
James George, Olhando pela terra: O despertar para a crise espiritual/ecológica; tradução Alexandre Soares Silva. Gaia: São Paulo , 1998
Rollo May, A Coragem de criar; tradução Aulyde Soares Rodrigues. Nova Fronteira: Rio de Janeiro, 1982.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Com vocês, Barat Original!





Para vocês conhecerem melhor o Barat Original, nosso artista convidado, dividiremos aqui um pouco de sua caminhada dentro das artes urbanas e da arte educação. Ele fez quatro incríveis desenhos que estão estampando nossas camisas da coleção Green Angels. Vamos ao seu depoimento:



''Aos 15 anos eu já pixava com os amigos no meu bairro (Bangu) e me interessava por todo tipo de arte. Na verdade desde muito cedo as formas e cores me chamavam a atenção. E com essa curiosidade e vontade de aprender eu comecei no meio da arte e do artesanto de forma autodidata. Em 2005 eu comecei a fazer parte do coletivo cultural Comando Selva, onde tive oportunidade de conhecer mais pessoas envolvidas com o grafite e outras artes, de começar me articular e organizar eventos no meu bairro e em outras comunidades.

No ano seguinte participei do primeiro Mutirão de Graffite que foi aqui em Bangu, na comunidade Morro do Sossego. Foi o primeiro contato de diversos jovens de muitos lugares diferentes dentro da comunidade, interagindo com os moradores, pintando e cantando. Foi muito bom ter tido a oportunidade de fazer parte desse evento, já que foi uma ideia que deu certo, cresceu e deu asas a muitos outros grupos a seguirem seu instinto de auto organização como tivemos ao fazer esse projeto.

Nos anos seguintes participei com meus amigos do coletivo na produção de outros eventos, o que me deu mais experiência dentro dessa área.Também trabalhando com arte educação, dando oficinas de grafite e desenho. Repassando todos os conhecimentos e experiências na arte  que adquiri ao longo desses anos para as crianças, adolescentes e adultos em escolas públicas e em comunidades. Desenvolvi uma oficina que trabalha com materiais do lixo que podem ser reaproveitados para ser transformados em arte. Desenvolvendo assim, outros olhares e relações com o lixo que criamos.  

Estive envolvido na produção de eventos na favela do Sapo de Camará, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Nesses eventos participei dando oficinas de desenho e grafite, o que me deu mais experiência em trabalhos de organização de eventos e aprimoramento nas minhas oficinas de desenho e grafite. Nesse mesmo período participei ativamente na organização e realizando grafites no projeto Reciclando Pensamentos do nosso coletivo Comando Selva que faço parte. Esse projeto  é um programa no estilo de auditório em que acontece debates, poesia, música e grafite ao vivo, com entrada gratuita. Teve várias edições na Fundição Progresso na Lapa e na Lona cultural de Bangu. Viajamos para Vitória do Espírito Santo a convite da Secretária do estado de Educação para realizar o Reciclando no Projeto Escola de Rima, que tem como objetivo promover o movimento da cultura hip hop e aproximar a comunidade do espaço escolar. Em 2011 com o mesmo projeto, dessa vez sediado no Morro do Sossego em Bangu, trabalhei como coordenador de oficinas e oficineiro de grafite (desenho, caligrafia de rua e stencil) e de fotografia.Outras ações independentes: visita cultural e de grafitagem no Presídio Feminino de Magé; oficineiro de grafite em comunidades da Zona Oeste do Rio; e visita cultural a Casa do Hip Hop em Monjolos (São Gonçalo).

Atualmente continuo desenvolvendo o desenho, a pintura, o grafite. Fazendo tatuagens, trabalhos de customização. Pinto camisetas a mão e faço outros trabalhos artesanais. Realizo aulas de desenho e grafite em escolas públicas.''

Para contatos e conhecer mais trampos do Barat:

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Rebelião Criativa

Boxer Rebellion - Jean-Michel Basquiat - WikiPaintings.org

Desequilíbrios e injustiças na natureza e na sociedade em que vivemos, continuam sendo mantidos por um conjunto de crenças que alimentamos e muitas vezes perpetuamos inconscientemente. E perceber a extensão da nossa cumplicidade à ordem estabelecida está diretamente ligado ao grau de obediência aos princípios que sustentam essa situação.

O rebelde não apenas designa o revolucionário clássico que está na linha de frente das batalhas cotidianas contra o sistema. Há também os artistas legítimos. São pessoas que carregam dentro de si a capacidade humana, tão antiga quanto o mundo, de se insurgir, de subverter a ordem estabelecida. Adoram mergulhar no caos para nele criar a forma. Essa rebeldia autêntica exige uma intensidade de emoção, uma força suprema de vitalidade. Essas pessoas são frequentemente desprezadas por seus contemporâneos por não compreenderem a revolta autêntica que eles conseguem externalizar contra a situação de sua época.

‘’Todos os tipos de dogmatismos – científicos, econômico, moral e político – são ameaçados pela liberdade criativa do artista. É um fato necessário e inevitável. NÃO PODEMOS DEIXAR DE SENTIR ANGÚSTIA ANTE O FATO DE OS ARTISTAS E TODAS AS PESSOAS CRIATIVAS SEREM OS DESTRUIDORES EM POTENCIAL DOS NOSSOS SISTEMAS BEM ORDENADOS. O impulso criativo é a voz e a expressão das formas do pré-consciente e do inconsciente, o que representa uma ameaça à racionalidade e ao controle exterior. Os dogmatistas, portanto, devem dominar o artista. (...). Se fosse possível controlar o artista – e não acredito que seja -, isso significaria a morte da arte.’’     Rollo May

Mas como transformar nosso esquema básico na forma de pensar, a fim de evitar mais tantas incompreensões em relação às expressões autênticas de rebeldia ? 

‘’Desde os anos trinta e quarenta do século XX tem havido uma grande mudança no modo como vemos o mundo e a nós mesmos. Uma mudança de consciência que implica numa mudança cultural (mudança de paradigma). E uma das causas é a crise espiritual/ecológica cada vez mais evidente, que se resume a uma crise de valores. Quando nossa visão de mundo se modifica, nossos valores devem fazer o mesmo. À medida que nos tornamos mais conscientes, preocupamo-nos, e nossa preocupação nos leva a agir. Nossa visão foi ampliada e nossa consciência aumentada, pelo impacto das ideias entrando em circulação geral, vindas da ciência e da enorme popularização dos mitos, tradições e conhecimentos de uma forma geral. Essas influências têm impulsionado nossa cultura na direção de uma consciência do caráter interconectado da vida, um sentimento de correlação que vem do fato de percebermos que somos partes do todo. A mudança de paradigma que é necessária vai desde valores teóricos e do ego até os valores do coração e da consciência, se expandindo a partir da família nuclear até incluir a perspectiva global.

Quanto mais alienados e separados nos sentimos, mais a violência e a negatividade crescem na nossa sociedade. Será uma mudança de paradigma quando a geração do EU se tornar a geração do NÓS. Isso de fato será uma revolução cultural. Talvez não precisamos de uma maioria numérica para iniciar um processo de mudanças profundas tanto pessoal quanto social. Pequenas enzimas de consciência podem ter grandes efeitos catalíticos em toda uma cultura.’’  James George

Ainda estamos presos ao que é basicamente uma limitação cultural?

Nossa visão restrita principalmente em relação ao que podemos fazer para parar de vez a destruição e injustiças na Terra ainda não passou de pequenos esboços de como salvar nossa própria pele. Com poucas exceções, ainda não desenvolvemos um olhar total em relação à crise ambiental e humana. E não vamos nem falar nos países/economias mais poluidoras do mundo que deram as costas (literalmente) a todos os acordos e formas de achar soluções para a crise ecológica. A sociedade industrial criou um verdadeiro ‘’cárcere de alto luxo’’ com todas as formas possíveis de aprisionamento (sempre em procura de novos e mais sofisticados gadgets de ilusões) impostas como mera ’’diversão’’, ’’entretenimento’’, ’’bem estar’’ que são nada menos que futilidades e formas de alienação dos sentidos e da consciência. Um dos exemplos mais evidentes são os meios de comunicação de massa, como a televisão (com poucas excessões) que literalmente rouba o cérebro das pessoas. Eles têm a função principal de desviar a atenção para o que realmente é importante. A construção de uma sociedade consciente, solidária e harmoniosa.



Referências:
George, James. Olhando pela terra: O despertar para a crise espiritual/ecológica; tradução Alexandre Soares Silva. Gaia: São Paulo , 1998
May, Rollo. A Coragem de criar; tradução Aulyde Soares Rodrigues. Nova Fronteira: Rio de Janeiro, 1982.

terça-feira, 30 de abril de 2013

NOVIDADES NO AR!!




Depois de muitos trabalhos e correrias paralelas é com muita alegria que anunciamos a reativação de nossa loja virtual! Estamos com muitas novidades para essa nova fase da loja. Agora com ateliê próprio, podemos manter uma regularidade de produção afim de apresentar produtos diversificados e de qualidade a todos vocês. A importância de ter um espaço de produção é essencial para  qualquer profissão. Mas em nosso caso é de extrema importância a conquista desse espaço no sentido que propicia muita liberdade de criação e, claro, muita inspiração! Já que optamos por fazer um trabalho especial, onde as peças são pensandas uma a uma e que muitas vezes não há produtos repetidos.

Chegamos a um tempo limite em que nos encontramos entricherados entre a CRIATIVIDADE - OUSADIA - REBELIÃO e obdiência - letargia - passividade. O que mais precisamos neste momento é OUSAR, fazer acontecer, expor nossas ideias em prol de um crescimento coletivo. Não estamos falando em relação a egos e nem de criação individual. O que propomos é unir nossas melhores ideias, nossas forças e pensamentos positivos para acelerar a mudança de consciência necessária.

Continuaremos oferecendo ao nosso público coleções exclusivas de roupas, bolsas e/ou acessórios. E oferecendo produtos de outras marcas independentes, além de fazer coleções em produções coletivas e roupas customizadas.  


sexta-feira, 13 de julho de 2012

Panus Angelicus para meninos



Já chegaram as primeiras camisas masculinas Tecido Dcânhamo, são as mesmas estampas da nossa primeira coleção Panus Angelicus agora na versão para os meninos. Temos o eterno Miles Davis em estampa prata em regatas pretas, a planta de Canabis Sattiva e o Buda nas cores rasta. As camisas com a estampa das folhas de marijuana logo em breve estarão a venda. 

ATENÇãO!
Todas as camisas são 100% algodão e estão ao preço de R$ 35,00, camisetas e regatas. Para visualizar nossos modelos disponíveis entrem na nossa vitrine. 

Toda Luz!









quinta-feira, 5 de julho de 2012

O pensamento mecanicista e a crise ecológica



O ponto de vista mecanicista do mundo se tornou hegemônico principalmente nas sociedades industriais, já que o próprio paradigma industrial capitalista jamais teria se desenvolvido e sustentado sem que a natureza tivesse sido completamente objetificada. As instituições de ensino produziram o conhecimento científico para a expansão ilimitada da produção material.

Vivemos num mundo com recursos limitados.Ao contrário do discurso cartesiano que coloca o observador separado do seu ‘’objeto’, impossibilitando de se compreender o meio ambiente, sua estrutura, inter relações complexas e limites. Ainda mantemos um modo de vida que reflete a ilusão (ou alienação?) de que os recursos materiais da Terra são infinitos.  


‘’Em uma postura antropocêntrica o homem é considerado o centro de tudo e todas as demais coisas no universo existem única e exclusivamente em função dele. O antropocentrismo é um mito de extrema importância para a manutenção da crise ecológica.’

Mensagens (nocivas) muito enfatizadas nas escolas e tidas como normalissímas são a de que todas as formas de tecnologia são ‘’naturais’’ e que são um aspecto superestimado e essencialmente não problemático da vida humana. Quando se fala em educação ambiental se vê logo uma grande preocupação com os ‘’nossos recursos’, que revela um comprometimento com as lógicas capitalisticas. Uma proposta assim apresentada é nada mais que uma defesa das condições da produção industrial.

Precisamos não só ficar atentos ao conjunto de valores que se formou com base no racionalismo moderno, mas também a todo um corpo de saberes e práticas que foram negados no processo de afirmação desse racionalismo. Saberes como a alquimia, os mitos e lendas, o saber popular, a espiritualidade entre outros podem ser colocados como o lado avesso do racionalismo. E esse lado que é importante para a educação ambiental. 

Para reverter esse processo esmagador devemos desenvolver e manter uma crítica radical e permanente aos processos que objetificam a natureza e a colocam apenas como mercadoria promovidos e sustentados pela ética antropocêntrica e pelo capitalismo. E tentar recuperar saberes que foram rechassados pelo cientificismo e que trazem a possibilidade de uma sociedade ecologicamente harmoniosa. 


Rio+20 x Cúpula dos Povos

O desfecho final da Rio + 20 com seus chefes de Estado assumindo compromissos vazios sem pretensão real de parar ou reverter a crise ambiental exemplifica claramente o que até aqui foi dito. A ONU representa a ambição das grandes corporações e da lógica capitalista de produção e consumo. Por esse caminho não há saídas, todos sabemos. A força política com seu discurso de ''crise econômica'' quer nos convencer que a natureza até o seu ultimo suspiro pode ser um produto comercializável. Em contraposição tivemos a Cúpula dos Povos evento organizado pelo sociedade civil do mundo inteiro. Onde todos tiveram livre acesso a muitas discussões relevantes e trocas de experiências bem sucedidas. Na Declaração final da Cúpula dos Povos estão registradas os pontos centrais de causas e lutas a que todos devemos nos apronfudar para continuarmos construindo o caminho para um mundo mais consciente, justo e igualitário.






Referência: Ética e Educação Ambiental - Mauro Griin